segunda-feira, 18 de julho de 2011

Essa ave não voa

31/10/2009. Pelo campeonato brasileiro, Flamengo x Santos no Maracanã, no lado santista, um camisa 10 aparecia para o futebol (um camisa 10 santista, qualquer que seja, sempre vai chamar atenção. 10 do Flamengo e do Santos, 7 do Botafogo são diferentes, todos sabem), e esse foi o dia em que conheci o pseudo futuro gênio do futebol brasileiro, Paulo Henrique Ganso. Para sorte dele (digo pra sorte dele porque esse não foi só o primeiro contato comigo, mas também com muitos brasileiros), a primeira impressão nem sempre é a que fica, pois nesse jogo Ganso fez a proeza de perder dois pênaltis, que custaram a vitória do seu time. Depois desse episódio pitoresco, Vanderlei Luxemburgo, técnico do Santos na época, voltou o garoto para o banco, onde permaneceu até o começo do ano passado.
No início da temporada de 2010, então juntamente com Neymar, Ganso voltou a aparecer para o Brasil, dessa vez com grandes atuações, aplicando goleadas memoráveis contra times de pouca ou nenhuma expressão. O razoável talento de Ganso como organizador do meio de campo aliado à má fase da seleção (inventada pela mídia) e à ausência de craques com essa característica no Brasil fez com que Ganso fosse coroado como kaiser (perdoe-me Beckenbauer) do futebol brasileiro, logo vieram as comparações enfadonhas: “um jogador cerebral como Gerson” diziam uns, “um novo Zidane, diziam outros” “finalmente alguém a altura de usar a 10 do Santos”. Pois é, sobrou até para o rei.


A "história de cinderela" de Ganso seguiu pelo campeonato paulista, em que o Santos empatou na soma de resultados dos dois jogos com o poderoso Santo André, mas se sagrou campeão em razão de uma regra peculiar, e persistiu até depois da copa do Brasil, vencida também pelo Santos, pela diferença mínima contra o também poderoso Vitória.
            Com esse cartel de pênaltis perdidos, surras em cachorros mortos e dois títulos no sufoco, Ganso foi tido por muitos como imprescindível na seleção brasileira que disputaria a copa do mundo, porém, contrariando a imprensa e a população em geral, o técnico Dunga sequer o testou. A eliminação na copa avivou ainda mais os anseios por Ganso e outros jogadores na seleção. Diante da poderosa  seleção dos EUA, Ganso, chamado pelo novo técnico Mano Menezes,  enfim brilhou e a seleção ganhou o jogo tido como o da “reinvenção”. Pouco depois o jogador sofreu uma grave lesão no joelho que o afastou dos campos até fevereiro deste ano.
            Mais alguns jogos em um bom nível no campeonato paulista e mais uma lesão, Ganso só voltou para a final da copa libertadores, sua equipe venceu, mas ele não foi decisivo como seu companheiro Neymar. Veio a convocação para a copa América, torneio importantíssimo, pois serão poucos os jogos para testar o time, e lá estava ele, com a 10, mesmo fora de ritmo foi bancado pelo técnico. Dentro do esquema tático de Mano era uma peça fundamental na articulação das jogadas.
Vieram as partidas, Ganso entrava em campo para ser decisivo, mas sequer aparecia para errar, o craque que muitos dizem se escondia do jogo,  o time ia para o ataque e Ganso corria da bola. Em nenhum momento buscou o jogo, fez valer seu papel, ficava sempre a direita da meia lua, estático, esperando algum passe. A armação do jogo ficava a cargo de Ramirez, Lucas, Robinho, mas nunca a cargo de quem deveria.
A seleção brasileira teve problemas em articular o ataque e na arrumação do meio de campo, sendo Ganso o responsável por esse setor, e mesmo com esse fato consumado, a mídia em geral insiste em sequer ameaçar sua posição. Ganso é blindado, não sofre críticas quando desaparece em campo, mas basta dar um passe errado que bate no zagueiro e sobra para o atacante fazer o gol, que já se transforma em super craque.
Segue o jogo.

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