quinta-feira, 14 de julho de 2011

-"Sei marcar não, professor!" (ou o prelúdio de um vexame)

Depois da copa do mundo do ano passado, vencido pelo timaço da Barcelona Espanha, a mídia brasileira resolveu que o certo para a seleção da CBF seria um time leve, sem volantes marcadores e que jogasse sempre no ataque.
A invenção dessa estória me irrita, não só pelo fato de não fazer sentido taticamente, mas também pelo fato de não ter nenhuma base histórica nas outras conquistas do futebol canarinho e de outros times.
Ainda antes da copa passada, não foram poucos (para não dizer todos) os  jornalistas que exigiram dois moleques, que deram a sorte de jogar bem um campeonato paulista (cuja final levaram um sufoco do grande Santo André), na seleção que disputaria a copa e a saída imediata do time da boa dupla de volantes marcadores Felipe Melo e Gilberto Silva (este, campeão pela seleção em 2002)


Com a derrota do time brasileiro na competição, esses dois meninos logo se transformaram na salvação do futebol brasileiro. Penso eu que Neymar e Ganso deveriam ter uma gratidão eterna a Dunga e Felipe Melo, o pobre judas personificado dessa última copa. Ao primeiro por não tê-los feito participar da campanha derrotada da seleção, que marcaria para sempre suas carreiras, ao segundo por ter dado razão aos comentaristas futebolísticos ufanistas e loucos que defendem que o futebol brasileiro é bom demais para marcar.


Como de costume, final de copa, time derrotado, o técnico (campeão da copa América, copa das confederações, eliminatórias da copa e eliminado nas quartas de final pelo time vice campeão, de virada com dois gols de bola parada) foi demitido, obviamente.  Ao novo comandante, ficou imposto a convocação dos dois novos craques, Ganso e Neymar, e mais ainda, a não convocação, sob hipótese alguma, de jogadores de marcação
Ora, será que todos os críticos se esqueceram dos títulos de 2002 e 1994 com os super habilidosos Vampeta, Edmilson, Anderson Polga, Dunga e Mauro Silva? Ou ainda de títulos mais longínquos em 58 e 62 com Zito? Mais do que apenas na seleção, basta olhar o futebol mundial hoje para entender que futebol campeão e marcação estão do mesmo lado. Tanto a badalada e tida como inspiração pelos brasileiros, a seleção espanhola, quanto a vice campeã do mundo e algoz do Brasil, a Holanda tem em campo seus cães de guarda (como eu adoro essa denominação) Xabi Alonso e Sergio Ramos, De Jong e Van Bommel. Além disso, os times campeões das duas últimas edições da UCL, Barcelona e Inter de Milão, também têm em campo seus marcadores Mascherano, Keitá, Cambiasso e Thiago Motta, especialistas em destruir jogadas.

O nosso querido Mano deveria então aprender com todos esses times e parar de dar ouvidos e vazão em campo às críticas dos jornalistas desorientados. Não é vergonha para nenhum time marcar, além disso, cada ataque evitado e cada bola recuperada aumentam as chances de sair vitorioso de campo.  Um bom passe é necessário a qualquer meio de campo; mas um bom passe e nenhuma marcação, podem até resultar em gols a favor, mas com certeza também resultará em gols contra.

À disposição de Mano Menezes, não são poucos os jogadores da posição. Atuando na Inglaterra, temos Denílson, com 23 anos e titular no badalado Arsenal; na Turquia, Christian do Fenerbahce, famoso por fazer boas campanhas por Flamengo e Corinthians no Brasil; e no Brasil, também do Flamengo e Corinthians,  destacam-se Willians, atual jogador do Flamengo, tricampeão de roubadas de bola do campeonato brasileiro e Ralf, do Corinthians titular a dois anos e se destacando sempre na marcação.

Cabe a Mano olhar bem os jogadores e as posições carentes nos times. Sem eliminatórias (o Brasil já esta classificado para a copa que teoricamente vai acontecer aqui em 2014) serão poucos os testes, principalmente contra times grandes. No primeiro teste na copa América o time vem jogando mal, ganhou apenas um jogo e passou sufoco em todos eles, isso, cabe ressaltar, enfrentando times de pequena relevância (Venezuela e Equador), contra o time mais forte do grupo, o Paraguai, o Brasil por pouco não saiu derrotado, empatou o jogo nos minutos finais da partida.

Essas atuações ruins são o reflexo do rombo defensivo no esquema tático, em dois jogos o Brasil levou quatro gols, dois deles do glorioso Caicedo. Enquanto a marcação não se acertar dificilmente esse time terá boas atuações.
Segue o jogo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário